segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A luta continua (mas só se estiver sol, 25º C de mínima e o site do MAI não empacar...)! Ou como não dar cavaco às eleições.


Parece que hoje é dia de rescaldo. O Jesus arrisca uma pena de 9 meses de suspensão por andar ao soco, qual Sá Pinto no estágio da seleção e coiso e tal. Ah, não! Espera! Diz que houve eleições presidenciais ou coisa que o valha. Diz que sim, mas poucos terão dado por isso: 52,8% da população portuguesa, para ser mais precisa.
Desconheço se o alheamento político dos portugueses se ficou a dever à manifesta incompetência da generalidade dos candidatos presidenciais, ao luso-sagrado sentimento de que "o meu voto não vai fazer porra de diferença nenhuma", se não votaram como forma de protesto ou por pura e simples estupidez. Não sei, mas gostava de saber.
Ora, se foi pelo primeiro motivo acima citado, a explicação não cola: a incompetência recompensa-se com o voto em branco ou num dos partidos mais pequenos, tradicionalmente relegados para os primeiros discursos de derrota.
Se o motivo alegado for o segundo, o de que um voto não faz diferença, vão dizer isso ao Al Gore, para verem o que é bom para a tosse. Parece que estava frio, vento e o diabo a sete e o rabiosque estava tão bem no sofá que era um crime sair à rua. Ainda para mais porque o site do MAI resolveu entupir justamente ontem e não houve tempo de ir ver a nova secção de voto nos VÁRIOS MESES que antecederam as eleições.
Protestar não votando é, provavelmente, a coisa mais estúpida a fazer que me ocorre de momento, tirando, talvez, ver o programa em que o Carlos Castro, morto há pouco tempo, fala com a mãe, morta há mais tempo (nem quis acreditar quando hoje me contaram que isto teve mais de um milhão de espectadores em Portugal).
Quem opta por não exercer o seu dever cívico perde toda e qualquer credibilidade quando critica o rumo do país ou as escolhas feitas pelos outros portugueses votantes. Treinadores de bancada somos todos, mas uns com mais legitimidade do que outros. Gosto de pensar que o 25 de Abril de 1974 serviu para algo mais do que pôr no poleiro quem antes não estava. Gosto de já ter nascido em democracia, ainda que confusa e periclitante. Gosto de saber que pude votar, tirar a carta e ingressar no ensino superior sem que isso alguma vez me tenha sido negado ou de precisar de ter tido uma autorização especial do progenitor masculino, por ser mulher. Não gosto de pensar que o desinteresse se instalou no país onde não resido, mas de onde sou, de tal forma que a apatia é considerada o estado normal das coisas. Envergonha-me.
"Ask not what your country can do for you - ask what you can do for your country. (...) All this will not be finished in the first 100 days. Nor will it be finished in the first 1,000 days, nor in the life of this Administration, nor even perhaps in our lifetime on this planet. But let us begin.
In your hands, my fellow citizens, more than in mine, will rest the final success or failure of our course."
Sábias palavras as de JFK, há precisamente 50 anos. Pena é que, cinco décadas passadas e depois de uma ditadura de quase tanto, ainda não tenhamos aprendido a lição.

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