terça-feira, 29 de junho de 2010

Ir com os porcos é chato, ainda por cima quando são espanhóis


Nunca percebi muito bem porque é que o CR7 não canta o hino de Portugal nos jogos, ainda para mais sendo capitão de equipa. Que o Deco e o Liedson não o façam ainda é como o outro porque são tão portugueses como a caipirinha (mesmo que isso não impeça Pepe, outro «brasilês», de entoar "A Portuguesa" a plenos pulmões), agora o capitão da equipa nacional ser o único a fechar a matraca precisamente quando deve abri-la com orgulho é coisa que cai mal.
Bem sei que o senhor já leva dois carimbos estrangeiros no passaporte e no visto de trabalho e gosta de ferrar o galho em carne estrangeira mais longínqua, mas isso não é propriamente desculpa que se apresente.
Alguém deu por ele ter jogado hoje contra a Espanha? Pois... eu também não.
A dada altura pensei com os meus botões se teria adormecido por milésimos de segundo e nesses mesmíssimos milésimos de segundo o nosso CR tivesse sido substituído. Ou então que pudesse ter caído pelas linhas laterais, batido nos painéis publicitários e sofrido uma lesão que o obrigasse a ficar quietinho durante uns bons 80 minutos, excepção feita aos livres marcados na já costumeira posição de macho, mas que, geralmente, passavam a 50 metros dos postes da baliza, mais palmo menos palmo. Não. Afinal estava bem acordada e foi mesmo o que aparentava ser: Ronaldo não jogou ponta de corno (e nunca o nome deste blog, nos seus já longos 3 dias de vida, se adequou tanto a uma situação).
Quanto à Espanha, que dizer? Com uma posse de bola largamente superior à nossa (cerca do dobro) e com um Villa em grande forma, teve a vitória, que, em boa verdade e por muito que me custe admitir, fez por merecer.
Nunca irei entender a retirada de Hugo Almeida, que estava a fazer um bom jogo e a ser dos melhores em campo (com aquele remate quase mortífero contra a baliza defendida por Casillas, que só não deu golo porque o joelho de Puyol não deixou) para pôr o Danny. Então em desvantagem tira-se um ponta de lança? Mas onde é que o Queiroz estava com a cabeça?
Aspectos positivos deste Mundial para a nossa selecção: Eduardo, enorme Eduardo! Para mim, o melhor guarda-redes deste Mundial, sem qualquer tipo de modéstia. Se não fosse ele hoje, o resultado ter-se-ia ficado por um bem mais redondo 5 ou 6-0, sem espinhas. E a cara de desespero dos jogadores espanhóis a cada remate defendido pelo nosso guarda-redes era disso bom exemplo.
Fábio Coentrão, o miúdo que joga que nem gente grande. Foi de uma regularidade incomum para quem nunca tinha estado numa competição deste calibre, até pela tenra idade de 22 aninhos. Com este jogo somou a sua 8.ª internacionalização, mas muitas mais se seguirão, com toda a certeza. Ou isso ou seria o fim do mundo em cuecas.
Tiago: grandes jogos contra a Coreia do Norte e mesmo hoje, em que defendeu e tentou o golo. Se aquele remate a meia distância da primeira parte tivesse sido um pouco mais ao lado era o golo do Mundial.
Defesa de Portugal, de um modo geral: Defesa de betão. 3 jogos sem sofrer um único golo e ter, até hoje, o único guarda-redes que ainda não tinha sofrido qualquer golo na prova é de louvar e atípico da equipa das quinas.
Porras do Mundial: O CR7. Muito oscilante: ora muito apagado, ora levemente interessantezinho (e o jogo da Coreia do Norte não chega para lhe salvar a face, porque os desgraçados dos coreanos foram os "underdogs" do campeonato). Parece que o ketchup secou depressa e a tal prometida "explosão" do nosso extremo se resumiu a um mero gás.
Adiòs Cidade do Cabo, olá Portela.

domingo, 27 de junho de 2010

Mais barato, mais leve, mais absurdo

Como já devem ter reparado, se leram o post anterior, levo um bocado a mal quando me tentam passar a perna. Em vez de ficar a remoer as coisas e arriscar-me a arranjar alguma úlcera nervosa, deu-me para fazer um blog sobre os disparates em que vou tropeçando todos os dias.
Este já não é novo, mas não se torna, por isso, menos irritante.
A Danone, empresa de lactinícios com a mania de se armar em amiga dos portugueses em tempos de vacas magras (um bocado à semelhança dos hipermercados Continente, com aqueles anúncios de receitas anti-crise a feder a farsolas), lançou, há cerca de um ano e picos, uma nova embalagem em toda a sua gama de iogurtes. Diz a empresa que traz um «novo preço», mais acessível ao consumidor e, para quem não repara devidamente nestas coisas, quase parece uma palmadinha nas costas do povoléu ignorante com menos euros na algibeira que acha que está a comprar exactamente o mesmo produto de antes.
Se virarem a embalagem dos iogurtes ao contrário e lerem o rótulo verão que em vez dos tradicionais 125 gr. de qualquer iogurte sólido ou de pedaços, os da Danone têm agora a quantidade «amiga» de 120 gr. No caso dos líquidos, cuja quantidade oscila entre os 185/200 gr, a Danone rouba «amigavelmente» o consumidor em cerca de 50 gr.
Se calhar sou só eu, mas a mim esta parece-me uma prática extremamente duvidosa, já para não dizer legalmente questionável. Nenhuma outra empresa iogurteira adoptou (para já) a mesma prática e ainda bem.
Quererá a empresa que os portugueses emagreçam e, por esse motivo, faz os iogurtes mais pequenos? Ou quererá apenas, e isto é apenas um «supônhamos», como se diz em bom futebolês, ganhar mais dinheiro a contar com a estupidez dos outros?
Vender gato por lebre é, como todos sabemos, apanágio da publicidade, mas isto é, para mim, completamente absurdo.
Não seria melhor a actual etiqueta «agora mais barato», ser substituída por outra a dizer «agora mais barato porque estamos a ir-vos ao bolso e a roubar à descarada nas quantidades, para manter os lucros»?
É só uma sugestão, sei lá.
Por mim, há muito que já boicotei os produtos da Danone

sábado, 26 de junho de 2010

Com papas e bolos se enganam os tolos...


Em tempos de crise há que sacanear a malta. Sempre foi assim e não é agora, no meio da maior crise mundial desde o "crash" de Wall Street, que as coisas vão mudar.
Adoro carros. Adoro saber qual o último modelo do utilitário que surgiu no mercado, a marca, as características, a cilindrada, as versões que existem, o equipamento e... o preço. Ironicamente não possuo nenhum, porque não me pagam o suficiente para isso. Hèlas!
No entanto, enquanto vou a pé ou de transportes para as minhas vidinhas, reparo sempre nos mupis e nos folhetos publicitários com campanhas promocionais a carros e rio-me bastante.
Os anúncios a carros em Portugal são, regra geral, do mais engraçado que há: não que os anúncios tenham, de facto, grande qualidade e capacidade de entretenimento, mas porque, pela sua insensatez e elevado grau de sacanice, acabam por tornar-se bastante humorísticos.
O novo anúncio do Citroën C1 fez-me rebolar de tanto rir aqui há dias. Sabem qual é o C1? É aquele carrito minúsculo, assim a modos que a imitar um Smart, mas em que diz que cabe gente no banco traseiro. Como não é fabricado pela Mercedes (como o Smart é) é, supostamente mais acessível para o papalvo ignorante.
Atiram-nos para o colo com campanhas «promocionais» do C1 a €8,666.65. Ora toda a gente com dois dedos de testa sabe que não existem automóveis novos a esse preço em Portugal. De todo.
Nas letrinhas pequeninas (e benza-me Deus, como eu vibro a ler as letrinhas pequeninas dos contratos, que são logo as que leio primeiro!) estão as alíneas: 1) O preço não inclui acessórios. 2) Não inclui serviços. E, last but not least: 3) Não inclui opções obrigatórias.
Ora, corrijam-me se estou enganada, mas uma opção, quando a há, não pode ser obrigatória ou não poderia ser denominada de... opção. É uma contradição de termos, mas, pelos vistos, em tempos de crise vale tudo para fazer dinheiro, mesmo que, para isso, se faça tábula rasa de ninharias como a lei e essas coisas complicadas que não interessam para nada.
O que será, para a marca francesa, uma «opção obrigatória»? Será que o carro, para ficar a este preço, vem sem portas? Sem porta-bagagens? Sem pedais? Será que a Citroën criou ou vai criar assim uma espécie de IKEA dos carros da marca, para a malta ir lá comprar as peças que faltam ao automóvel?
Uma breve pesquisa no site da Citroën esclarece-nos algumas dúvidas: ao fazer a configuração do C1, na versão a gasolina mais barata, descobrimos que o preço é, afinal, €10,674.83, aos quais ainda tem de adicionar-se as tais taxas misteriosas pelos serviços e acessórios. São tão misteriosas e secretas que o respectivo valor não é indicado. Por outro lado, atiram-nos com um suposto desconto mensal (disponível apenas em alguns concessionários) de €1750. Será que este valor daria para cobrir as tais taxas que não são referidas? No caso da versão a gasóleo mais barata, o preço proposto é de €13,752.51, mais taxas indefinidas.
Hummmm, então e os tais €8,666.65? Cadê? Pois é... Areia para os olhos.
Enquanto continuarmos a ser o país dos parolos entalados em dívidas, sem comida na mesa, mas com popó novo à porta, anúncios destes vão continuar a ter saída que nem pãezinhos quentes.