quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pépa ao poder… sei lá!

Anda por aí tudo muito indignado com uma senhora que se diz blogger de moda, que, pelos vistos, diz que é profissão com pedigree e tudo, e que se lembrou de fazer um vídeo, agora mais que viral, para a empresa de telecomunicações sul-coreana que vende mais telemóveis do que os senhores da maçã, cujo nome não será referido.
Não percebo a polémica. Eu achei lindamente. E digo mais: a Pépa merece um lugar de destaque no panorama político nacional. Eu votava nela para primeira-ministra. Não, melhor ainda, eu votava nela para substituir o Relvas, ou seja, para dirigir o país.
Se não vejamos, e basta só pensar um bocadinho, coisa que, aparentemente, a Pépa não tem por hábito fazer, porque, como diz, “não tem tempo para ela”. Era vê-la à lambada, de carteira clássica preta da Chanel em punho, a arriar forte e feio nos senhores da troika. Com ela, qual padeira de Aljubarrota, não havia Selassies, Barrosos e Lagardes que resistissem, essa é que era essa! “Merkel? Que é isso? Isso come-se?”, diria a nossa Pépa, puxando a lustrosa cabeleira para trás.
E ai de quem se atrevesse a escrever um relatório a sugerir cortes na despesa pública!” O Estado sou eu “ diria a nossa menina, sem dúvida inspirada por Louis XIV, aquele senhor que desenha as malas LV chiquésimas que pessoa que é pessoa tem de ter, sob pena de ser possidónia.

Força Pépa!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ainda a mensagem de Natal do nosso 1.º

Capa do jornal i de ontem: "Passos Coelho pede renúncia ao pessimismo na mensagem de Natal." Eu parei em "renúncia". Afinal, aproxima-se a hora dos desejos para 2013. Era uma passa abençoadinha.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Taxista... mas pouco

Devo confessar que não sou grande fã de andar de táxi em Lisboa. Talvez pelas (demasiadas) más experiências que tive ou pelo simples facto de que todas as bestas quadradas que têm por profissão conduzir um táxi serem, precisamente, aqueles que me vêm calhar em sorte/azar. Já me aconteceu de tudo um pouco: desde taxistas a fazerem rali a 200 à hora, como se estivessem no autódromo do Estoril e eu não estivesse sentada no banco de trás, a senhores que além de conduzirem demasiado depressa gostam de fazer razias aos outros condutores enquanto berram impropérios, seja na estrada ou a estacionar, como que a mostrar a sua parca virilidade sebosa, taxistas ucranianos a operar no centro de Lisboa, que não sabem onde estão nem para onde vão, taxistas de idade avançada a mandar vir comigo muito indignados porque tive a terrível ousadia de lhes pedir uma factura quando ainda não tinham estacionado o carro no destino. Houve um até, aqui há uns anos, que me assustou de tal forma que nunca mais vou esquecer. Apanhou-me no Parque das Nações, depois de uma noitada entre amigos, já de madrugada, e veio o caminho todo, que ainda foi longo, a fazer-se a mim e a convidar-me para ir sair com ele e beber uns copos. "Paniquei". Estava sozinha e o assédio foi de tal ordem que vim o caminho todo de telemóvel na mão pronta a ligar à PSP ao mínimo sinal de alarme e cheguei, até, a inventar um marido (ou noivo, já nem sei bem) inexistente à data, que estaria à minha espera em casa, embora ninguém lá estivesse. Mas aquilo que me irrita mais, que me tira do sério até dizer chega, são os taxistas que não sabem o caminho e me perguntam, com a maior das latas: "então e como é que quer ir para lá?". Pensava que isto só acontecia em Frankfurt, onde todos os taxistas são useiros e vezeiros a fazê-lo e, ainda por cima, são pagos a peso de ouro. O preço é de ouro, mas o serviço de pechisbeque, entenda-se. Curiosamente, no meu trabalho como tradutora, nunca perguntei ao cliente "Então e como é que quer que eu traduza? Quer assim, assado, cozido ou frito?", porque parto do princípio, absolutamente palerma, de que é suposto saber fazer o meu trabalho, até porque estudei 20 anos da minha vida para isso. Picuinhices! Ora se eu entro num táxi é porque, à partida, preciso de ir a algum lado e não tenho outro meio para o fazer, pelo que, confio que um profissional o faça. Erro crasso, evidentemente. Passo a reproduzir o diálogo que se estabeleceu entre mim e a senhora taxista com ar de toxicodependente que me apanhou há pouco: "É para a Quinta Barros, na Rua X.", digo eu. "Quinta Barros?", pergunta muito surpresa, como se eu tivesse dito que era para me deixar ali no Burkina Faso. (A rua ficava a 5 minutos ou menos de onde nos encontrávamos, dependendo do grau de competência do condutor.) "Sim, nessa zona, na Rua X.", digo. One million dollar question: "Então e por onde é que quer ir?" (Tchanã! Pimbas, toma lá!) "Não importa. Desde que chegue lá.", respondo já com vontade de lhe espetar uma chapada nas trombas. "Quinta Barros? Quinta Barros? Pois, é que isso, não sei... Isso é ali pelo Hospital de Santa Maria, não é?" (A vontade de lhe ir ao trombil aumenta.) "Sim, é perto, mas fica mais perto das Torres de Lisboa. É a Rua X.", insisto. "Ahhhhhhh, pois não sei. Então, podemos fazer assim? É que podemos ir por ali, por ali ou por ali. Como é que quer fazer?" (Nem respondo, tal não é a minha indignação.) "Podemos então ir pelo Hospital de Santa Maria e depois logo se vê." (O GPS está colado ao vidro no táxi, mas só agora a senhora parece ter-se apercebido de que ele existe. Começa a teclar o nome da rua, enganando-se no dito, como já esperava. Bufo de impaciência, mas como tenho pressa e não há mais táxis à vista, não tenho remédio se não aguentar a provação e esperar.) "Isto é só para me certificar de que estamos a ir bem, porque eu estou a ver a zona, sim.", diz ela, fingindo que conhece o sítio. (Claro, e eu sou o Pai Natal, penso.) "Então e quando vai para lá, como é que costuma ir?", pergunta a senhora taxista. (Sem comentários.) Aproximamo-nos, por fim, da zona, embora ainda não seja ali. "Pronto, chegámos.", afirma, orgulhosíssima. "Não, não chegámos.", respondo. "Não é aqui." "Então mas a rua é aqui e devemos estar a chegar ao número da porta que disse." "Não, nem é esta a rua nem vejo nenhum número 28 aqui." "Ah, então espere lá. Vamos experimentar ali. (Pergunto-me para que servem os GPS e se, de facto, seguiu as instruções dadas.) "Então é aqui.", continua. "Não, também não é aqui.", respondo já enfastiada de mais para o esconder. "Então vamos ali." "Mas não é aqui!", digo, tentando manter a pouca calma que me resta. "Pois, mas vamos por aquela rua de dentro, como eu disse." Mais uma vez, para na porta errada. "Pronto, estamos aqui no 31, 29... Então é aqui.", afiança. "Não, aqui são números ímpares e eu quero ir para o 28, por isso tem de ser do outro lado!" "Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!", responde muito admirada. (Alguém explique à senhora que, na maior parte dos países civilizados, incluindo Portugal, os pares e os ímpares ficam em lados opostos da rua e não lado a lado.) Finalmente chegamos. Nem quero acreditar. Haja pachorra!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Über clichés

Hoje tropecei num über cliché que há muito não ouvia/lia: "Ser amigo do seu amigo". De todos os über clichés que conheço, tenho três de eleição: o que acabei de referir, "ser uma pessoa muito humana" (tão bom!) e, por fim, o velhinho "Carpe Diem", para a malta nascida nos anos 70 e 80, cujo único filme de jeito que viu na vida terá sido o "Clube dos Poetas Mortos", quando passava na RTP1, em mil nove e troca o passo. A maior utilidade de um über cliché é saber com que tipo de pessoa lidamos. Se alguém tiver no seu perfil ou mural facebookiano alguma destas três frases, saberemos de imediato que o nível de conversa que podemos ter com a pessoa em questão terá a profundidade das águas da barragem de Castelo de Bode em Agosto. Podemos guardar a conversa sobre as filosofias niilistas de Nietzsche para outros futebóis e largar um bitaite sobre a última contratação do Benfica, sem receio de receber um olhar de desprezo incrédulo. Über clichés 4ever! E "prontos"!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dépaysement auf Deutsch

Os franceses têm palavras giras e de difícil ou impossível tradução. Uma delas é "engagé", no que à política ou de quem dela vive diz respeito, outra é aquela sobre a qual escrevo estas linhas: "dépaysement". Há muito que me faltavam as oportunidades de voltar a falar francês com falantes nativos, não que não me cruze diariamente com largas dezenas deles pelos corredores da empresa, onde o inglês, por ser a língua oficial, nos deixa a todos cair no facilitismo de adoptar a norma e voltar costas ao que há muito aprendemos. Nos últimos dias acabei de ler o último livro de Amélie Nothomb, "Tuer le Pére", vi o filme "La Guerre est déclarée", de e com Valérie Donzelli, e fui, sem estar minimamente à espera, convidada para jantar com amigos que, por acaso, pertenciam a uma turma de francês e a respectiva professora, francesa de gema, que não conhecia de lado nenhum. Já se passaram 11 longos anos desde a minha última aula de francês, no 3.º ano da minha licenciatura, mas a verdade é que, alguma ferrugem à parte, já sentia saudades de falar outra língua que não o inglês, nem que fosse só por algumas horas, naquela esplanada do restaurante vietnamita numa noite de de muito calor na zona de Nordend. Tudo isto para dizer que, do nada, comecei a tropeçar em palavras já semi-esquecidas como a que intitula este relato. A pouco mais de um mês de um regresso a Lisboa por cinco semanas para trabalhar num projecto da empresa que me vai obrigar a assentar arraiais e montar quartel-general na capital durante mais tempo do que gostaria, o meu cérebro divide-se: por um lado, vai ser bom poder ver amigos e família nos (poucos) dias em que não esteja a trabalhar, ir aos meus restaurantes e bares preferidos nas horas vagas, comer as minhas iguarias preferidas, ver se os sítios de que gostava há dois anos, antes de emigrar, ainda existem ou mudaram muito entretanto, voltar a perder-me nas lojitas do Bairro Alto, ponto de paragem obrigatório em qualquer visita a Lisboa, almoçar no Chiado num dia de calor, ir a Belém admirar a beira-rio, conhecer os sítios novos que ainda não tive oportunidade de visitar, sair à rua e ver sol, sol e mais sol, em vez do tempo esquizofrénico da Europa Central a que me tive de me resignar. Por outro lado, não consigo evitar a sensação de que já pouco ou nada pertenço ao meu país. Uma das grandes vantagens de se trabalhar numa multinacional em que quase todos somos expatriados é que a grande maioria das pessoas vive como se de um Erasmus em idade (mais) adulta se tratasse. Ninguém tem filhos, muito poucos são os casados, sai-se imenso, poucas são as semanas em que não há festas em casa deste ou daquele ou jantares neste ou naquele restaurante. Para quem, como eu, sempre carregou a mágoa de não ter podido fazer Erasmus por falta de condições financeiras, isto sabe mesmo muito bem. Que me perdoem os meus amigos casados ou juntos (que já são a maioria), com filhos maravilhosos e vidas organizadas em função da família, mas voltar a Portugal é ter a certeza de que o meu lugar não passa por aí. Compreendo, louvo e aceito, mas reservo-me o direito de preferir outra coisa. Vou sentir falta da beira-rio em Sachsenhausen nos poucos dias em que o sol nos agracia, dos jantares em Bornheim e em Nordend, dos cocktails do Nachtleben e naquele bar em frente ao Hooters que nunca sabemos o nome, de passear pelas montras da Berger Strasse, dos "lapsus linguae" a que estou sujeita por não falar alemão, do professor de alemão que fala comigo em espanhol e italiano, do italiano que comigo frequenta o curso, estúpido que nem um calhau e a quem só me apetece espetar um murro na tromba, dos amigos, dos colegas, da minha casa, de me sentar no Grüneburgpark a fazer um piquenique e de comer um belo "brunch" na Maison do Pain. Bem sei que serão só cinco semanas e que vão passar a correr, mas o "dépaysement" já ataca. Ele há coisas...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

iRaioqueparta



E a 5 de Outubro Steve Jobs foi-se deste mundo. No dia anterior, o novo iPhone 4S tinha sido apresentado ao público. Até na morte desta espécie de Messias capitalista dos tempos modernos há um quê de estratégia de marketing, de oportunismo coincidente, com resultados líquidos: em apenas 24 horas foram vendidos cerca de um milhão de aparelhos. É a homenagem do povo a um homem que ajudou a criar a empresa mais valiosa do planeta e que coloriu as vidas de algumas pessoas com brinquedos bonitinhos, agradáveis, úteis (em alguns casos) mas absurdamente caros.
Ainda ontem 3 ou 4 colegas e amigos tentavam fazer-me ver as virtudes extraordinárias de possuir um iPad (sem sucesso, que o meu cepticismo não vai lá assim com duas cantigas), um brinquedo de €700/€800 que mais não faz do que um smartphone. Custa-me a acreditar como alguém pode achar confortável andar com um aparelho que pesa cerca de um quilo (dependendo da versão, claro), cujo ecrã tem de ser limpo de 5 em 5 minutos, mede mais de comprimento do que um livro normal e tem 64 GB de memória. Por esse preço compra-se um bom portátil, com uma capacidade de memória dez vezes superior.
Não consigo evitar revirar os olhos de incredulidade ao ver o preço que custa um iMac, um iPhone (na Europa, porque nos EUA é substancialmente menor, eu sei e escusam de me bater), um iPod e um iRaioqueparta, quando sabemos os custos de produção ridiculamente baixos que todos eles têm. Os fãs acérrimos da Apple talvez prefiram ignorar que estes são fabricados pela Foxconn, na China, onde em poucos meses 16 trabalhadores com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos cometeram suicídio por não aguentarem as condições sub-humanas em que trabalhavam, os constantes assédios sexuais, coacção física e psicológica, privação de liberdade, jornadas de trabalho inacreditavelmente longas (houve, inclusivé, um trabalhador que morreu após 34 horas de trabalho ininterruptas), para receber pouco mais do que €100 por mês de salário. Significa, portanto, que um trabalhador da linha de montagem da Apple teria de trabalhar 8 meses para conseguir comprar o iPad que ele mesmo fabrica. Justo não?
Morreu um homem que padecia de cancro do pâncreas. Paz à sua alma, sem dúvida. A maioria dos pacientes afectados pelo cancro do pâncreas sobrevive, no máximo, um par de meses. Jobs, felizmente, viveu mais de 7 anos, porque com a fortuna disponível fez tratamentos em todo o mundo e conseguiu até fazer um transplante de fígado.
Gostava que fossem feitas as mesmas exéquias fúnebres de estadista que lhe foram dedicadas aos dezasseis trabalhadores da Foxconn.
Alguém se lembra do nome de qualquer uma das três vencedoras do Prémio Nobel da Paz deste ano, anunciado sensivelmente na mesma altura da morte de Jobs (apenas dois dias depois), no meio de todo o espectáculo mediático e louvores ao Sr. Maçã? Pois...
Nada contra o estilo “cool”, jovem, urbano e sofisticado (chavões que andam todos de mãos dadas, como convém) dos aparelhos começados por “i”: eu própria, se não tivesse mesquinhices como renda de casa, contas para pagar e até comida para comprar e assim (heresia!), talvez fosse pessoa para olhar para a “i trend” de maneira menos dura. Como não é o caso, prefiro pensar que todo este disparate há-de passar, mais dia menos dia.
No dia em que a minha personalidade se definir pelos brinquedinhos que compro é o dia em que podem atirar comigo para o Miguel Bombarda aqui das Alemanhas, por favor.
Morreu alguém que fez muito dinheiro à conta dos “iGeeks” deste mundo e de outros tantos “iSlaves”. R.I.P. e adiante.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Algo está podre no reino lusitano


Na sequência de dois casos de prepotência política surgidos na passada semana, um envolvendo o ministro Alberto Martins e outro o ex-ministro Armando Vara, não podia o Ponta de Corno abster-se de os comentar.
Na semana passada, o carro ministerial de Alberto Martins, pago com os impostos de todos os portugueses, foi mandado seguir em grande estilo quando, na mesma rua lisboeta, uma ambulância aguardava uma idosa que sofria um ataque cardíaco na altura, para a transportar ao hospital. Face à difícil escolha entre deixar passar um ministro ou socorrer uma vida, a PSP tomou a decisão mais lógica: mandar a ambulância do INEM sair da porta da casa da senhora e estacionar noutro local para o Sr. Ministro poder passar, ignorando as mais elementares regras da sua própria função.
Meros dias antes, Armando Vara, ex-ministro PS, irrompera pelas Urgências de um hospital adentro, passando à frente de todos os outros utentes VERDADEIRAMENTE DOENTES, para invadir o consultório da médica de serviço e exigir um atestado médico (claramente falso), porque tinha um avião para apanhar, o que a médica fez.
Armando Vara é, na minha opinião, um dos ministros mais execráveis de que há memória (período do Estado Novo incluído) e o mais claro exemplo de arrivismo político. Sem qualquer tipo de qualificação superior, foi Secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), Secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99), conseguiu tornar-se ministro adjunto do primeiro-ministro, em 1999, e, um ano mais tarde, Ministro da Juventude e Desporto. Abandonaria, no entanto, esse mesmo cargo devido a irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção da Segurança Rodoviária, por si fundada, processo que seria posteriormente arquivado.
Como qualquer ministro PS que se preze, foi convidado para exercer funções de administrador numa empresa pública, a Caixa Geral de Depósitos, mais uma vez, friso, sem qualquer tipo de formação universitária. A isto é que se chama dar o salto: de reles caixa a administrador, sem passar pelos bancos da escola. Eis o mais gritante exemplo do que está podre em Portugal e porque o país nunca irá encarreirar, enquanto este tipo de chico-espertismo for a norma que o governa.
À semelhança do amigo Sócrates, "concluiu" a "licenciatura" em Relações Internacionais (três dias antes da nomeação para a CGD) na extinta Universidade Independente, um antro de conluio governamental onde se tiravam cursos por fax.
Para melhorar as coisas, um mês e meio depois de ter abandonado a administração da Caixa Geral de Depósitos para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Português, foi promovido, no banco público, ao escalão máximo de vencimento, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma. Maravilha das maravilhas! Alguém que me explique, por favor, como é que um ex-funcionário de uma empresa, por pública que seja, é promovido ao escalão salarial máximo sem já lá estar a trabalhar. Adorava (mesmo) entender.
Vara foi, igualmente, acusado de recorrer ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações) e a engenheiros que dele dependiam para projectar uma moradia que construiu perto de Montemor-o-Novo. Em Outubro de 2009 foi constituído arguido no âmbito da operação Face Oculta, desencadeada pelo Departamento de Investigação Criminal de Aveiro. Seguiu-se, em Novembro do mesmo ano, a suspensão do seu mandato de vice-presidente do Millennium BCP.
Suspendeu em Novembro de 2009 as funções que desempenhava no BCP, renunciou ao cargo a 2 de Julho e recebeu 260 mil euros de indemnização! Se isto não é gozar com a cara de quem trabalha, não sei o que será.
Apesar da sua implicação no processo Face Oculta, tal não impediu que fosse convidado, em Setembro de 2010, para ser Presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa África, tendo assim a seu cargo as actividades da empresa brasileira em Moçambique e Angola, os costumeiros Eldorados nacionais.
Costuma dizer-se que à mulher de César não basta ser séria, há que parecê-lo. O problema é que os membros e ex-membros do governo PS, para além de não serem sérios, agora já nem sequer se dão ao trabalho de o querer parecer.